O preço de um ideal e a hipocrisia


É natural no contagiante calor da juventude aflorar a defesa de “ideais” de liberdade, justiça e solidariedade. Mas com o passar do tempo a maioria das pessoas se vêem amordaçadas por causas cada vez mais individuais e seletistas.

O dinheiro, num mundo que focaliza excepcionalmente os shoppings centers e suas ofertas, torna-se o objetivo de vida de muita gente. As causas sociais são defendidas de maneira a ostentar apenas o status e afagar (ou enganar?) a consciência que grita no vazio de seu próprio espaço.

Para “vender a alma” só basta o lance e muitos são arremessados até a vala onde multidões caminham para um abismo lamacento, com a intocável consciência de tarefa cumprida que só a ignorância traz. Determinado grau de satisfação vem acompanhado de altas doses de hipocrisia, tão encantadoras e convincentes que alguns chegam a se comover de sua boa conduta perante a “sociedade” numa auto-reflexão.

São raras as pessoas que no meio do caminho não param de escutar o clamor humanitário que esperneia diante de tanta injustiça. A sede de igualdade dos que ainda possuem alguma água e sentem a necessidade de distribuí-la para quem não tem, está cada vez mais escassa.

Passeio Socrático (Frei Beto)

Ao visitar em agosto a admirável obra social de Carlinhos Brown, no Candeal, em Salvador, ouvi-o contar que na infância, vivida ali na pobreza, ele não conheceu a fome. Havia sempre um pouco de farinha, feijão, frutas e hortaliças.

"Quem trouxe a fome foi a geladeira", disse.

O eletrodoméstico impôs à família a necessidade do supérfluo: refrigerantes, sorvetes etc. A economia de mercado, centrada no lucro e não nos direitos da população, nos submete ao consumo de símbolos. O valor simbólico da mercadoria figura acima de sua utilidade. Assim, a fome a que se refere Carlinhos Brown é inelutavelmente insaciável.

É próprio do humano - e nisso também nos diferenciamos dos animais - manipular o alimento que ingere. A refeição exige preparo, criatividade, e a cozinha é laboratório culinário, como a mesa é missa, no sentido litúrgico.

A ingestão de alimentos por um gato ou cachorro é um atavismo desprovido de arte. Entre humanos, comer exige um mínimo de cerimônia: sentar à mesa coberta pela toalha, usar talheres, apresentar os pratos com esmero e, sobretudo, desfrutar da companhia de outros comensais.

Trata-se de um ritual que possui rubricas indeléveis. Parece-me desumano comer de pé ou sozinho, retirando o alimento diretamente da panela.

Marx já havia se dado conta do peso da geladeira.

Nos "Manuscritos econômicos e filosóficos" (1844), ele constata que "o valor que cada um possui aos olhos do outro é o valor de seus respectivos bens. Portanto, em si o homem não tem valor para nós”.

O capitalismo de tal modo desumaniza que já não somos apenas consumidores, somos também consumidos. As mercadorias que me revestem e os bens simbólicos que me cercam é que determinam meu valor social.

Desprovido ou despojado deles, perco o valor, condenado ao mundo ignaro da pobreza e à cultura da exclusão.

Para o povo maori da Nova Zelândia cada coisa, e não apenas as pessoas, tem alma. Em comunidades tradicionais de África também se encontra essa interação matéria-espírito. Ora, se dizem a nós que um aborígine cultua uma árvore ou pedra, um totem ou ave, com certeza faremos um olhar de desdém.

Mas quantos de nós não cultuam o próprio carro, um vinho guardado na adega, uma jóia?
Assim como um objeto se associa ao seu dono nas comunidades tribais, na sociedade de consumo o mesmo ocorre sob a sofisticada égide da grife.

Não se compra um vestido, compra-se um Gaultier; não se adquire um carro, e sim uma Ferrari; não se bebe um vinho, mas um Château Margaux. A roupa pode ser a mais horrorosa possível, porém se traz a assinatura de um famoso estilista a gata borralheira transforma-se em Cinderela...

Somos consumidos pelas mercadorias na medida em que essa cultura neoliberal nos faz acreditar que delas emana uma energia que nos cobre como uma bendita unção, a de que pertencemos ao mundo dos eleitos, dos ricos, do poder. Pois a avassaladora indústria do consumismo imprime aos objetos uma aura, um espírito, que nos transfigura quando neles tocamos. E se somos privados desse privilégio, o sentimento de exclusão causa frustração, depressão, infelicidade.

Não importa que a pessoa seja imbecil. Revestida de objetos cobiçados, é alçada ao altar dos incensados pela inveja alheia. Ela se torna também objeto, confundida com seus apetrechos e tudo mais que carrega nela, mas não é ela: bens, cifrões, cargos etc.

Comércio deriva de "com mercê", com troca. Hoje as relações de consumo são desprovidas de troca, impessoais, não mais mediatizadas pelas pessoas.

Outrora, a quitanda, o boteco, a mercearia, criavam vínculos entre o vendedor e o comprador, e também constituíam o espaço das relações de vizinhança, como ainda ocorre na feira.
Agora o supermercado suprime a presença humana. Lá está a gôndola abarrotada de produtos sedutoramente embalados. Ali, a frustração da falta de convívio é compensada pelo consumo supérfluo.

"Nada poderia ser maior que a sedução" - diz Jean Baudrillard - "nem mesmo a ordem que a destrói."

E a sedução ganha seu supremo canal na compra pela internet. Sem sair da cadeira o consumidor faz chegar à sua casa todos os produtos que deseja.

Vou com freqüência a livrarias de shoppings. Ao passar diante das lojas e contemplar os veneráveis objetos de consumo, vendedores se acercam indagando se necessito algo.
"Não, obrigado. Estou apenas fazendo um passeio socrático", respondo. Olham-me intrigados.
Então explico:
Sócrates era um filósofo grego que viveu séculos antes de Cristo.
Também gostava de passear pelas ruas comerciais de Atenas.

E, assediado por vendedores como vocês, respondia:
"Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz".

Novo modelo

Os leitores mais assíduos do AsforaBlog já devem ter notado que nos ultimos tempos tenho publicado com grande freqüência artigos de outras pessoas, com isso pretendo compartilhar e difundir cada vez mais pensamentos que, na visão do autor do blog, são interessantes.

Meus artigos de opinião não deixarão de serem escritos, apenas incremento ao Blog um modelo cada vez mais dinâmico e participativo.

Castelo Branco e Mendes Morais

Em destemido discurso na Câmara, nos tempos de chumbo de 1964, o deputado paraibano Raymundo Asfora chamou o marechal Castelo Branco de “corcunda do nosso drama”. O deputado governista Mendes de Morais, resolveu insultá-lo, no microfone de apartes. Asfora devolveu em versos:- Por uma fatalidade/Dessas que o fado compôs/Merda se escreve com um M/E Mendes Morais com dois!

Borborema, tropeiros e burramas

Esta é uma terra de tropeiros, burramas e bem-te-vis. Tem açudes, muitas ladeiras, universidades, ciência, cultura e arte (em baixa). Tem saberes, mas é ruim de memória.

Uma cena marcante aconteceria em plena Rua 07 de Setembro, em Campina Grande, no dia 08 de dezembro de 1975. Luiz Gonzaga do Nascimento, o Rei do Baião, no palco, em alto e bom som pedia desculpas publicamente a Raymundo Asfora por “não ter gravado a letra completa” da canção Tropeiros da Borborema, tal como ele a havia concebido e dado a Rosil Cavalcanti para musicar.

Ao mesmo tempo, o Rei se comprometia a, “futuramente, numa próxima gravação, resolver o problema”. Qual o problema, então, que motivaria o Rei do Baião a se retratar publicamente em Campina Grande? Respondo: ele havia modificado a letra original de “Tropeiros” por achar que a tornaria mais compreensível para a população.

“Estala, relho malvado / Recordar hoje é meu tema (meu lema) / Quero é rever os antigos / Tropeiros da Borborema…” com estes versos Luiz Gonzaga abria aquela que viria a se tornar o segundo hino de Campina Grande. Na verdade, originalmente, Asfora escreveu: “Estala, relho malvado / embora a burrama gema […]” e mais adiante “[…] em busca da terra [‘beleza da terra’, na versão gonzagueana] que tanto se expande / e se hoje se chama de Campina Grande / foi grande por eles que foram os primeiros / oh, tropas de burros / oh, velhos tropeiros”.

Em dezembro de 1988, em sua última Missa do Vaqueiro, em Serrita-Exu (PE), em participação especial com o Quinteto Violado, Luiz Gonzaga pede um mi menor ao seu sanfoneiro auxiliar e diz: “Eu vou cantar agora a música mais bonita que já cantei em toda minha vida […]” e inicia, com a voz já cansada, os versos memoráveis, desta vez, conforme o poema original de Raymundo Asfora. É a única gravação do Rei do Baião cantando “Tropeiros” com a letra original.

Em tempos de homenagens a Campina Grande, Lei Municipal confirmando a música como uma espécie de segundo hino, votação popular escolhendo a canção como aquela que melhor representa a cidade, nada melhor, segundo meu juízo, que fazer jus à obra original de um dos mais nobres defensores desta terra, o poeta Raymundo Yasbek Asfora. Seria uma forma de mostrar respeito pela memória daqueles que declararam, poeticamente, seu amor por Campina e fizeram da sua vida um ato de amor de fato. Ao mesmo tempo, seria uma declaração de compromisso com a verdade histórica.

É bom lembrar que a música foi registrada apenas em nome de Rosil Cavalcanti [editada pela BMG], quando todos sabem e até propagam que a mesma é resultado de parceria com Raymundo Asfora. Isso também está registrado na mesma gravação de Luiz Gonzaga, em praça pública, na comemoração de um dos aniversários da Rádio Borborema.

Em boa hora as rádios e TVs, poderiam tomar uma atitude crítica e utilizar a versão correta da música, uma vez que ela existe e é conhecida. Por outro lado, o poder público campinense [por intermédio de sua Procuradoria Geral ou outro mecanismo] deveria providenciar documentação e efetivar o registro junto à editora, para que a história não seja traiçoeira e negue ao poeta Raymundo Asfora o direito moral, de ter o seu nome oficialmente reconhecido e registrado como um dos autores de uma das mais belas canções de toda história da humanidade.

Nem Asfora nem seus herdeiros ganhariam nada, materialmente, com tal procedimento. Os herdeiros não querem auferir lucros com a canção. Mas, sem dúvidas, seria um grande feito em reconhecimento a um dos mais destacados brasileiros que lutaram por esta terra de tropeiros e burramas (que ainda teimam em circular em meio aos carrões importados). Seria também um grande ato em respeito à sua memória e em respeito à inteligência dos milhares de mortais, modernos tropeiros, que teimam em fazer de Campina Grande seu lugar de pouso, descanso e mesmo a “sua” terra. Viva a cultura respeitada!

CHE

Há personagens com uma tal estatura histórica que, independente dos adjetivos e de todos os advérbios, ainda assim não conseguimos retratá-los em nada que possamos dizer ou escrever. O que falar de Marx, que permaneça à sua altura? O que escrever sobre Fidel?

Hegel dizia que existem personagens cuja biografia não ultrapassa o plano da vida privada, enquanto outros são os personagens cósmicos, estes cujas biografias coincidem com o olho do furacão da história.

O Che é um destes personagens cósmicos. Basta dizer que, independente de qualquer campanha publicitária, sua imagem transformou-se na mais vista do século XX e assim continua neste novo século. Nenhum esportista, artista ou músico, mesmo com bilionárias promoções pelo mundo globalizado afora, se mantém num lugar parecido. O Che veio para ficar.

Novas gerações, nascidas depois da morte do Che, continuam identificando-se com sua imagem, com seu sentimento de rebeldia, com sua coragem, com sua luta implacável contra toda injustiça.

Não vou gastar palavras inúteis para falar do Che. Basta reproduzir algumas das suas frases, que selecionei para o livro “Sem perder a ternura”.

“A única coisa em que acredito é que precisamos ter capacidade de destruir as opiniões contrárias, baseados em argumentos ou, senão, deixar que as opiniões se expressem. Opinião que precisamos destruir na porrada é opinião que leva vantagem sobre nós. Não é possível destruir as opiniões na porrada e é isso precisamente que mata todo o desenvolvimento da inteligência...”

“Nós, que, pelo império das circunstâncias, dirigimos a revolução, não somos donos da verdade, menos ainda de toda a sapiência do mundo. Temos que aprender todos os dias. O dia que deixarmos de aprender, que acreditarmos saber tudo, ou que tivermos perdido nossa capacidade de contato ou de intercâmbio com o povo e com a juventude, será o dia em que teremos deixado de ser revolucionários e, então, o melhor que vocês poderiam fazer seria jogar-nos fora...”

“Deixa-me dizer, com o risco de parecer ridículo, que o verdadeiro revolucionário é feito de grandes sentimentos de amor.”“Nosso sacrifício é consciente. É a cota que temos de pagar pela liberdade que construímos.”

“Muitos dirão que sou aventureiro, e sou mesmo, só que de um tipo diferente, destes que entregam a própria pele para demonstrar suas verdades.”

“Sobretudo, sejam capazes de sentir, no mais profundo de vocês, qualquer injustiça contra qualquer ser humano, em qualquer parte do mundo.” (Carta de despedida aos filhos)“É preciso endurecer, sem perder a ternura, jamais.”

“Que importam os perigos ou os sacrifícios de um homem ou de um povo, quando está em jogo o destino da humanidade.”

“É um dos momentos em que é preciso tomar grandes decisões: este tipo de luta nos dá a oportunidade de nos convertermos em revolucionários, o escalão mais alto da espécie humana, mas também nos permite graduar como homens.”

“Nós, socialistas, somos mais livres porque somos mais completos; somos mais completos porque somos mais livres.”

Emir Sader

"Férias"

Não sei como explicar de modo satisfatório, mas o fato é que esse tempo em que passei sem escrever serviu como umas férias para mim... ou para os leitores!?! Vocês decidem!

De qualquer forma, dentro de uma semana voltarei a postar normalmente.

Navegar é Preciso



Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:

"Navegar é preciso; viver não é preciso".

Quero para mim o espírito [d]esta frase, transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar. Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha. Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.


Fernando Pessoa

Aos amigos de Campina II

Confesso que não esperava tamanha repercussão do primeiro artigo que denominei “Aos amigos de Campina”. Nele falei do orgulho que tenho em ser neto de um grande homem, cearense de nascimento e paraibano por adoção, que contribuiu com seus talentos para ver sua terra cada vez mais desenvolvida e menos injustiçada. Também citei em meu artigo publicado neste blog um pouco da minha natureza política e da atração que o debate de idéias exerce sobre mim. Tudo isso atingiu minha vida com um redemoinho de especulações político-partidárias.

Foram vários os convites de lideranças municipais e até estaduais para que me filiasse aos seus respectivos partidos, visando sempre à disputa eleitoral que se aproxima.

É preciso deixar claro que quando afirmei “está pronto para contribuir com a nossa cidade”, não me limitava apenas à esfera política, que sem dúvidas tem uma expressão e importância singular, porém incluía também a colaboração que posso dar enquanto cidadão que trabalha, estuda e quer o bem de sua região.

Sinto-me preparado para almejar um futuro melhor em sociedade, mas não necessariamente isso tem ligação com a classe política. É preciso deixar bem claro, que se vier a participar da vida pública não será com um passo precipitado que irei iniciar a caminhada. O mundo está sempre nos ensinando e é preciso ter cautela para não colocar a carroça na frente dos bois.

Sempre fiel ao que acredito pretendo seguir a orientação do que me fala a consciência, inclusive pela voz dos que me querem bem.

20 anos sem Carlos Drummond de Andrade

Hoje não escrevo

Chega um dia de falta de assunto. Ou, mais propriamente, de falta de apetite para os milhares de assuntos.
Escrever é triste. Impede a conjugação de tantos outros verbos. Os dedos sobre o teclado, as letras se reunindo com maior ou menor velocidade, mas com igual indiferença pelo que vão dizendo, enquanto lá fora a vida estoura não só em bombas como também em dádivas de toda natureza, inclusive a simples claridade da hora, vedada a você, que está de olho na maquininha. O mundo deixa de ser realidade quente para se reduzir a marginália, purê de palavras, reflexos no espelho (infiel) do dicionário.
O que você perde em viver, escrevinhando sobre a vida. Não apenas o sol, mas tudo que ele ilumina. Tudo que se faz sem você, porque com você não é possível contar. Você esperando que os outros vivam para depois comentá-los com a maior cara-de-pau (“com isenção de largo espectro”, como diria a bula, se seus escritos fossem produtos medicinais). Selecionando os retalhos de vida dos outros, para objeto de sua divagação descompromissada. Sereno. Superior. Divino. Sim, como se fosse deus, rei proprietário do universo, que escolhe para o seu jantar de notícias um terremoto, uma revolução, um adultério grego - às vezes nem isso, porque no painel imenso você escolhe só um besouro em campanha para verrumar a madeira. Sim, senhor, que importância a sua: sentado aí, camisa aberta, sandálias, ar condicionado, cafezinho, dando sua opinião sobre a angústia, a revolta, o ridículo, a maluquice dos homens. Esquecido de que é um deles.
Ah, você participa com palavras? Sua escrita - por hipótese - transforma a cara das coisas, há capítulos da História devidos à sua maneira de ajuntar substantivos, adjetivos, verbos? Mas foram os outros, crédulos, sugestionáveis, que fizeram o acontecimento. Isso de escrever O Capital é uma coisa, derrubar as estruturas, na raça, é outra. E nem sequer você escreveu O Capital. Não é todos os dias que se mete uma idéia na cabeça do próximo, por via gramatical. E a regra situa no mesmo saco escrever e abster-se. Vazio, antes e depois da operação.
Claro, você aprovou as valentes ações dos outros, sem se dar ao incômodo de praticá-las. Desaprovou as ações nefandas, e dispensou-se de corrigir-lhe os efeitos. Assim é fácil manter a consciência limpa. Eu queria ver sua consciência faiscando de limpeza é na ação, que costuma sujar os dedos e mais alguma coisa. Ao passo que, em sua protegida pessoa, eles apenas se tisnam quando é hora de mudar a fita no carretel.
E então vem o tédio. De Senhor dos Assuntos, passar a espectador enfastiado de espetáculo. Tantos fatos simultâneos e entrechocantes, o absurdo promovido a regra de jogo, excesso de vibração, dificuldade em abranger a cena com o simples par de olhos e uma fatigada atenção. Tudo se repete na linha do imprevisto, pois ao imprevisto sucede outro, num mecanismo de monotonia... explosiva. Na hora ingrata de escrever, como optar entre as variedades de insólito? E que dizer, que não seja invalidado pelo acontecimento de logo mais, ou de agora mesmo? Que sentir ou ruminar, se não nos concedem tempo para isso entre dois acontecimentos que desabam como meteoritos sobre a mesa? Nem sequer você pode lamentar-se pela incomodidade profissional. Não é redator de boletim político, não é comentarista internacional, colunista especializado, não precisa esgotar os temas, ver mais longe do que o comum, manter-se afiado como a boa peixeira pernambucana. Você é o marginal ameno, sem responsabilidade na instrução ou orientação do público, não há razão para aborrecer-se com os fatos e a leve obrigação de confeitá-los ou temperá-los à sua maneira. Que é isso, rapaz. Entretanto, aí está você, casmurro e indisposto para a tarefa de encher o papel de sinaizinhos pretos. Concluiu que não há assunto, quer dizer: que não há para você, porque ao assunto deve corresponder certo número de sinaizinhos, e você não sabe ir além disso, não corta de verdade a barriga da vida, não revolve os intestinos da vida, fica em sua cadeira, assuntando, assuntando...
Então hoje não tem crônica.


Carlos Drummond de Andrade

Agradecimento


O número de acessos ao AsforaBlog tem crescido muito nos últimos meses. Milhares de leitores dentro de um único bimestre! A responsabilidade é crescente.
Só tenho a agradecer pela atenção dispensada ao que escrevo e ao carinho com que as pessoas comentam comigo cada palavra aqui publicada.

Era uma casa... dos estudantes!

Estive esta semana visitando a antiga Casa do Estudante Félix Araújo, e lamentei profundamente o estado em que, outrora salvadora casa, se encontrava clamando por salvação.

Por falta de uma boa administração, como de maior interesse por parte dos últimos dirigentes do Centro Estudantal Campinense, todo aquele patrimônio obtido graças aos esforços de lideranças estudantis que fizeram história em nossa cidade, agora passará as mãos de outra instituição.
Assim sendo, se somará a mais uma derrota do alunado, que por falta de uma entidade legitimada e comprometida com a causa estudantil, saboreia mais um amargo gosto de perda.

É verdade que a Casa do Estudante perdeu um pouco sua finalidade maior – abrigar os estudantes de cidades vizinhas que não possuíam residência fixa em Campina – pois toda cidade em nosso Estado hoje em dia possui o ensino médio completo. Assim sendo, não obriga o aluno a sair de sua região como antigamente.

Porém, é indispensável lembrar que as necessidades dos estudantes não se limitam ao abrigo, e que um patrimônio de tamanha envergadura não poderia escorregar das mãos de uma classe que tanto se empenhou em assegurá-la.

Aos atuais dirigentes do CEC, diante de sua incapacidade de mobilização, aqui vai uma dica em forma de letra musical, por sinal bem conhecida: “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte!”.

Talvez não

O poeta é um ser especial, sempre sensível ao fato no qual põe o olho. Enxerga de uma maneira singular as circunstâncias, dando-lhe uma intensidade emocional mais apurada e mística.

É assim, inconformado com as convenções, que o poeta enxerga o mundo. Não o acompanha a frieza dos céticos, mas incorpora a essência das coisas. É um ser livre pelo modo de encarar a vida e ao mesmo tempo preso pela sintonia que o mantém em freqüência com tudo.

Sente a alma do que existe: quando alegre, torna-se alegria; quando triste, é a tristeza! Personifica-se ao sentimento mostrando desprendimento com o que considera trivial.

Como diria tio Ricardo, “o poeta, da mesma forma que pode chegar ao paraíso descrevendo uma simples flor, pode alcançar o purgatório relatando uma situação que para muitos seria indiferente”. Por sinal, tio, nunca vi descrição tão poética!

Assim sendo, continuo aqui,
Meio poeta; e talvez não.
Sem saber como mentir:
Tudo pra mim é ilusão!

Amizade

Da amizade que surgiu
E pela verdade pura,
Criaram-se amarguras.
Aguerrida; subsistiu!

Superando batalhas
Na peleja da vida,
Cicatrizou-se feridas,
Mesmo como navalhas.

E assim, sempre unidos,
Mostramos destemidos,
Uma força sem precedentes.

Prezando pela união:
Agindo como irmãos;
Caminhamos sorridentes!



Aos amigos que me acompanham durante a caminhada da vida, de forma inestimável.

Aos amigos de Campina!


Desde pequeno, como todo paraibano e campinense, respiro política. No colégio, nas praças, na universidade, no trabalho, aonde quer que cheguemos essa discussão faz parte das conversas rotineiras. É nossa tradição! Soma-se a isso minha origem de raízes políticas, e pronto, esse tipo de assunto exerce uma influência magnética sobre mim. É inerente ao meu ser defender idéias, contestá-las e sempre procurar aprimorá-las.

Talvez por carregar (com orgulho) o nome do meu avô paterno, que tem história e trabalho prestado, tenho recebido inúmeros convites de agremiações partidárias para concorrer numa possível eleição proporcional no próximo ano. Essas procuras me envaidecem e reforçam a crença que já possuo na vitoriosa passagem por essa terra do nosso inesquecível Raymundo Asfora. Esses convites só revelam a ânsia de alguns em resgatar a política feita com dignidade, compromisso e respeito à vontade do povo; marca maior de uns tempos remotos.

Muitos perguntam se tenho pretensão em disputar cargos eletivos, no que sempre respondo: “na hora certa, me sentindo preparado, não vejo porque negaria!”. Seria motivo de orgulho representar uma cidade comprometida com seu futuro, altaneira desde sua origem e politizada de berço.

Quem representava os bons costumes políticos, a lealdade ao povo e a audácia em falar mais alto no Congresso Nacional por nossa Paraíba, sabiamente profetizou: “a morte está enganada, eu vou viver depois dela!”. Por isso sempre terei como meta honrar os passos de quem nunca mudou de direção e que até os seus últimos dias “só libertava dos lábios, as palavras prisioneiras no coração”.

Campina, seu futuro é uma vaidade de cada filho teu, e Grande é a vontade de te ver ainda maior. Estou pronto para contribuir no que puder com esse crescimento!

Admitir o erro é o começo da solução

A dignidade parece ser muitas vezes objeto de auto-afirmação entre a maioria das pessoas. É difícil encontrar alguém que se veja desonesto, injusto ou incapaz. Quando um indivíduo tenta proclamar alguma atitude indigna, sempre vem acompanhado no discurso um viés de justiça com as próprias mãos. Temos dificuldade em admitir nossos erros!

A dificuldade encontrada para a maioria dos problemas no nosso dia-a-dia se origina dessa falsa opinião que tendemos a ter de nós mesmos. Quando não reconhecemos um problema nos furtamos a buscar uma solução, solidificando assim o erro e o atraso que obtemos graças à falta de autoconhecimento e excesso de egoísmo.

O assaltante de banco se diz vitima das mesmas circunstâncias que levam um homem pobre a roubar uma galinha. Existe semelhança no caso que justifique tal afirmativa? Uns diriam que não outros que sim, dependem muito de cada caso. Até em ocasião de um latrocínio o autor dos disparos diz ter matado em legitima defesa. Observamos que todos querem ser vitimas das circunstâncias, ninguém admite cometer coisas indignas!

Por vezes admitimos uma áurea sobrenatural a um amigo que passa num concurso para justificar a nossa falta de empenho que nos rendeu apenas o ônus da inscrição. É preciso reconhecer nossos erros e enfrentá-los na peregrinação em busca de uma solução.

Não admitir a existência de nossas falhas é o mesmo que negar nossos acertos, só que negando nossos acertos caminhamos para o melhor caminho sem saber, e ignorando nossos erros chegaremos em pouco tempo a beira de um penhasco, na mais otimista das previsões.

SAUDADE (Augusto dos Anjos)

Hoje que a mágoa me apunhala o seio,
E o coração me rasga atroz, imensa,
Eu a bendigo da descrença em meio,
Porque eu hoje só vivo da descrença.

À noite quando em funda soledade
Minh'alma se recolhe tristemente,
Pra iluminar-me a alma descontente,
Se acende o círio triste da Saudade.

E assim afeito às mágoas e ao tormento,
E à dor e ao sofrimento eterno afeito,
Para dar vida à dor e ao sofrimento,

Da saudade na campa enegrecida
Guardo a lembrança que me sangra o peito,
Mas que no entanto me alimenta a vida.

PARABÉNS!



Algumas coisas que sempre me lembram você...

Amor Liberdade Inteligência Naturalidade Esperança

Parabéns mãe!
Te amo
.

Não é como antigamente, ta pior...

Criticar algumas músicas por seu teor pouco instrutivo na letra tem sido uma constante no meio “intelectual” em nossos dias, de fato as apologias que são feitas em muitas delas em nada contribuem para uma sociedade melhor. A partir dessa constatação, o que observamos em relação às criticas que são feitas? Quais seus efeitos mais concretos? É difícil admitirmos, mas isso tem entrado numa orelha e saído na outra de muita gente sem que nada se altere.

Um dia desses, como dificilmente faço atualmente, prestei atenção as letras das músicas de um show de forró, e nisso observei que quando não se fazia “culto” a bebida, tudo era direcionado para a prostituição (cabaré, putaria, etc). Que fique bem claro que não tenho nada contra esse gênero musical, muito pelo contrário, quem me conhece sabe da admiração que tenho por músicas de cantores como Flávio José, Luiz Gonzaga, Santana, entre tantos outros. Mas o que é de se lamentar é ver como no nordeste as letras estão se tornando cada vez mais apelativas, fenômeno que já vem ocorrendo no Brasil nas suas mais diversas regiões.

Nossa cultura nordestina passou bons tempos exportando músicas de qualidade, com grande valorização de nossos costumes e tradição, e de uns tempos pra cá, com raras exceções, tem recorrido ao vulgar, entrando na contramão de sucessos anteriores que se ergueram sobre os pilares do bom senso e da extrema qualidade na composição.

Ao que parece nos dias atuais a falta de compromisso com o futuro de nossa gente tem reinado entre muitos compositores, que por ignorância transparecem não reconhecer a influência que a música exerce sobre as pessoas. Não venham levantar suas bandeiras os “defensores dessa modernidade” justificando que o povo moldou os artistas dessa forma, e que esse é único caminho para se trilhar o sucesso. Conversa fiada!Ou então jamais teríamos como explicar o entusiasmo da multidão ao se deparar com canções antigas e que ainda são os standartes maiores de nossa região. O que alguns precisam é se enxergar com os olhos da responsabilidade que possuem.

As autoridades políticas também bem que poderiam deixar de se acovardar nesse tema e reconhecer a importância cultural que a música possui, procurando criar mecanismos mais contundentes no combate ao que denominamos “lixo musical”, seja através de campanhas ou até de limitações de horários como ocorre com os filmes pornográficos exibidos na TV aberta, pois o que algumas dessas letras expõem não deixa de ser pouco recomendadas para quem está em processo de construção de sua personalidade e formação intelectual.

Finalizando, faço das palavras do velho Luiz Gonzaga as minhas... “Nem que eu fique aqui dez anos, eu não me acostumo não...”

Democracia: Chávez ou a RCTV?

Impressionante o debate, gerado pela Rede Globo, em torno do presidente venezuelano Hugo Chávez acerca da não renovação do contrato de licença para exibição da RCTV, principal meio de comunicação da oposição no país. O que a Globo não mostra aqui no Brasil é o outro lado da moeda, tentando, como “papagaio do império norte-americano” – usando a expressão do presidente bolivariano -, vincular a imagem de Chávez a de um ditador.

Acredito que a maioria de nosso planeta é a favor da liberdade de expressão, e justamente por isso tenta evitar que golpistas cheguem ao poder por meios antidemocráticos e através da censura. Foi exatamente isso que a RCTV apoiou na Venezuela, quando do golpe militar sofrido por Chávez no começo de seu governo. De forma despudorada e antidemocrática, buscou conferir legitimidade a um governo imposto sob o julgo das armas e da repressão, em total desrespeito a vontade popular.

Apesar de tal atitude, Chávez assim que retornou ao poder não retirou o direito da emissora de continuar indo ao ar, esperou que o contrato expirasse e agora não o renovou. Ainda assim, protegeu o povo venezuelano de uma emissora que mostrou não ter compromisso nenhum com o estado democrático.

Agora a TV golpista dá uma de vitima e se diz a favor da liberdade de expressão e do respeito a vontade popular, tentando salvar seu pescoço e manter viva a esperança de desestabilizar um governo referendado pela maioria dos venezuelanos. Logo ela que a bem pouco tempo entrou em rota de colisão com a voz do povo.

Sendo assim agora faço uma pergunta: quem é antidemocrático, Chávez ou a RCTV? A Globo e os Eua apostam em Chávez, e você?

Pac-Pac-Pac!

Artigo de Newton Leal para o Portal iParaíba.com.br que trata um pouco da imobilidade de nossa sociedade frente aos acontecimentos e rumos do nosso País. Não deixe de ler!

http://www.iparaiba.com.br/col.php?noticia=88214&categoria=20

A dimensão e os passos


Quando queremos chegar a um determinado lugar, primeiro é preciso conhecer o caminho (seja através de um mapa ou não), depois é necessário estar preparado para cada passo que se vai dar, pois não adianta muito imaginar o lugar onde pretendemos chegar ignorando o que se fará indispensável para tal objetivo.

São inúmeras às vezes na vida em que ficamos estagnados diante de um projeto por não darmos o passo inicial. O resto da caminhada é sem dúvida importante, mas nada é tão essencial quanto o primeiro passo. Afinal, jamais chegaremos ao segundo passo sem ter dado o primeiro antes, e dele depende todo o nosso percurso. O inicio da caminhada é a chave, pois se forçarmos demais nossas passadas acabaremos por ficar cansados antes de chegarmos ao nosso objetivo, e ai geralmente paramos. Por isso é indispensável o controle do ritmo que damos ao nosso primeiro passo, dele depende toda a caminhada. Se controlarmos bem todo o processo inicial, da metade para o fim poderemos dar uma arrancada rumo ao que se é almejado.

Observando bem até nas maratonas que vemos na TV é assim: os que começam mais entusiasmos e não medem as conseqüências dos seus passos logo em seguida começam a ser deixados para trás. Já os que desde o começo tem consciência do percurso que os aguarda, são mais moderados e garantem um bom ritmo sem comprometer seu objetivo principal que é a chegada.

O autoconhecimento se faz indispensável para enfrentar os desafios. Ter paciência e conhecer a dimensão de onde se pretende chegar é fundamental, só assim podemos medir os passos, sabendo explorá-los na hora em que mais for preciso. Todos nós possuímos limites e é preciso observá-los com cuidado para não ultrapassarmos o que nos é permitido, nem nos limitarmos quando poderíamos ir mais longe.

Sei que essas medidas já estão vulgarizadas pelo excesso de pregação, mas nunca é demais lembrar que só ficarão no reino das idéias enquanto não dermos o primeiro passo. Quando a chuva cai para todos; planta quem quer. Sementes não faltam...


A Lista

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber
Quantas mentiras você condenava
Quantas você teve que cometer
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você

Oswaldo Montenegro

Clube Literário

Já ouvi falar algumas vezes sobre a existência de grupos que se reúnem com o objetivo de discorrer sobre as leituras feitas por seus componentes, mas até pouco tempo nunca tinha me apercebido da importância e dos benefícios que tal organismo pode propiciar aos seus integrantes.

Há pouco mais de um mês convidei alguns amigos para que fizéssemos dessas reuniões uma constante em nossos encontros, apesar de alguns atropelos, acredito que começaremos em breve a aprender, entre outras coisas, a respeitar mais as opiniões, a enxergar pelos mais variados ângulos uma mesma situação e a conhecer mais profundamente nossa literatura.

Com um grupo bastante eclético (Estudantes de Geografia, Direito, Arquitetura, Ciência da Computação, Jornalismo, Física, Matemática, etc.) iremos buscar enxergar pelas mais diversas possibilidades o que vem a ser exposto pelos escritores em pauta, analisando os mais diversos temas, adicionando a leitura um criterioso e construtivo debate de idéias onde cada um irá contribuir para a consolidação de um conhecimento mais qualitativo.


Para a criação de um grupo assim apenas é preciso pessoas interessadas e comprometidas com o seu principal objetivo que é a extração de um melhor conhecimento. Um estatuto para o Clube pode ser uma boa saída para organizar mais os debates e a manutenção do mesmo.


Está ai uma idéia que deixo também para os leitores do AsforaBlog.

O absolutismo do rei

Numa democracia todos têm o direito de expressar livremente suas opiniões, respondendo sempre na justiça por aquelas que forem injuriosas. Porém nos últimos dias acompanhamos a decisão do cantor Roberto Carlos de vetar uma biografia sua sem ao menos ler o que nela havia. Isso mesmo, o “rei” parece não querer sua vida em detalhes e conseguiu na justiça brasileira cancelar a publicação de uma biografia feita por um de seus fãs, o escritor Paulo César Araújo.

Em alguns países, principalmente nos ditos desenvolvidos, esse tipo de atitude causaria uma repercussão muito negativa para o artista, pois o público não enxerga coisa mais natural que conhecer profundamente a vida de suas personalidades. No caso do Brasil, o “rei” se nega a mostrar o que há por trás da “coroa”. Pior ainda, não teve nem a consideração de ler um trabalho dificilmente obtido por seu fã.

O "rei" tem feito réus! Poucos sabem, mas faz menos de quinze dias que Roberto Carlos também vetou a reprodução de algumas letras de suas músicas num CD que não tinha fins lucrativos, aqui mesmo na nossa Paraíba. Desta vez o réu na ação foi o colunista Abelardo Jurema.

Todos nós queremos privacidade na vida e temos o direito de preservá-la quando de certa forma alguém tenta invadi-la. Porém, quando se trata de uma celebridade a coisa muda um pouco de figura. No caso, como se é uma pessoa pública se torna inevitável que seus caminhos sejam observados. E isso não é nenhum crime, desde que sejam respeitados os limites do senso comum.

A imagem que fica é a seguinte: o “rei” quer decidir absolutamente sozinho qual a imagem que ficará para ilustrar seu reinado, desconsiderando a curiosidade de seus fãs em conhecer mais um pouco a sua trajetória.

Clique aqui para visualizar uma charge feita pela talentosa equipe da Charges.com.br

Violência: o que falta e o que sobra

Nossa Paraíba tem virado nos últimos tempos um campo de batalha entre bandidos e policiais. Bandos invadem diariamente casas, lojas, bancos, etc. Os motivos para justificar o que vem ocorrendo são muitos, mas não são recentes. Alguns culpam a falta de equipamentos para a polícia, outros preferem criticar a escassez de pessoal em ação, mas o que de fato existe é uma violência crescente e que se apresenta das mais variadas e assustadoras formas.

Para lembrar o nosso Presidente Lula, “nunca na história desse país” se viu tanta violência. Todos os dias pessoas saem assombradas das suas casas temendo a ação de marginais. Hoje o bandido pode ou não está de gravata, pois aprendeu com a sociedade desde cedo a manipular as aparências e driblar o preconceito (cito isso apenas para exemplificar o que fazem as vítimas da segregação social, excluindo os que por falta de caráter e consciência optam pelo crime).

O que será que tem levado tantas pessoas à marginalidade? É simples, a falta de condições essenciais para se ter uma vida digna, ou seja; emprego, saúde, moradia, lazer, etc. Enquanto uma pequena burguesia cada vez mais freqüenta shopping centers, esbanjando futilidade, cheios de seguranças e “distantes da realidade social” da maioria da população, muitos só enxergam sua ascensão ao indispensável pela porta da violência, às vezes até para garantir sua incerta alimentação.

Cercas elétricas, mais policiais, maior repressão, só vão nos trazer maiores dores de cabeça. Não se pode ignorar o mundo a nossa volta, pois um dia ele desaba sobre nós. A responsabilidade por uma mudança significativa no quadro atual é nossa. O que é preciso é agir de uma forma mais enérgica na busca pela igualdade social. Não existe solução mágica para isso, porém a fórmula para o caos e a insegurança nós já adquirimos(concentração da renda), resta caminharmos no caminho oposto.

Onde faltam garantias de uma vida digna, sobrará meios para se atingir o fim de uma existência igualitária e mais humana.

Não as drogas

Tudo começou quando eu tinha uns 14 anos e um amigo chegou com aquele papo de “experimenta, depois quando você quiser é só parar…” e eu fui na dele. Primeiro ele me ofereceu coisa leve, disse que era de “raiz”, da terra, que não fazia mal, e me deu um inofensivo disco do Chitãozinho e Xororó e em seguida um do Leandro e Leonardo. Achei legal, uma coisa bem brasileira. Mas a parada foi ficando mais pesada, o consumo cada vez mais quente,comecei a chamar todo mundo de “amigo” e acabei comprando pela primeira vez. Lembro que cheguei na loja e pedi: Me dá um CD do Zezé de Camargo e Luciano. Era o princípio de tudo! Logo resolvi experimentar algo diferente e ele me ofereceu um CD de axé. Ele dizia que era para relaxar; sabe, coisa leve… Banda Eva, Cheiro de Amor, Netinho, etc. Com o tempo, meu amigo foi me oferecendo coisas piores: o Tchan, Companhia do Pagode e muito mais. Após o uso contínuo, eu já não queria saber de coisas leves, eu queria algo mais pesado, mais desafiador, que me fizesse mexer os quadris como eu nunca havia mexido antes. Então, meu amigo me deu o que eu queria: um CD do Harmonia do Samba! Minha bunda passou a ser o centro da minha vida, razão do meu existir. Pensava só nessa parte do corpo, respirava por ela, vivia por ela! Mas, depois de muito tempo de consumo, a droga perde efeito, e você começa a querer cada vez mais, mais, mais… Comecei a frequentar o submundo e correr atrás das paradas. Foi a partir daí que começou a minha decadência. Fui ao show e ao encontro dos grupos Karametade e Só Pra Contrariar, e até comprei a Caras que tinha o Rodriguinho na capa. Quando dei por mim, já estava com o cabelo pintado de loiro, minha mão tinha crescido muito em função do pandeiro. Meus polegares já não se mexiam por eu passar o tempo todo fazendo sinais de positivo. Não deu outra: entrei para um grupo de pagode. Enquanto vários outros viciados cantavam uma música que não dizia nada, eu e mais outros 12 infelizes dançávamos alguns passinhos ensaiados, sorríamos e fazíamos sinais combinados. Lembro-me de um dia quando entrei nas lojas Americanas e pedi a Coletânea “As melhores do Molejo”. Foi terrível!! Eu já não pensava mais!!! Meu senso crítico havia sido dissolvido pelas rimas miseráveis e letras pouco arrojadas. Meu cérebro estava travado, não pensava em mais nada. Mas a fase negra ainda estava por vir. Cheguei ao fundo do poço, ao limiar da condição humana, quando comecei a escutar popozudas, bondes, tigres, MC Serginho, Lacraias, motinhas e tapinhas. Comecei a ter delírio e a dizer coisas sem sentido. Quando saía à noite para as festas, pedia tapas na cara e fazia gestos obscenos. Fui cercado por outros drogados, usuários das drogas mais estranhas que queriam me mostrar o caminho das pedras… Minha fraqueza era tanta que estive próximo de sucumbir aos radicais e ser do pela droga mais poderosa do mercado: Ki-Kokolexo. Hoje estou internado em uma clínica. Meus verdadeiros amigos fizeram a única coisa que poderiam ter feito por mim. Meu tratamento está sendo muito duro: doses cavalares de MPB, Bossa-Nova, Rock Progressivo e Blues. Mas o médico falou que eu talvez tenha de recorrer ao Jazz, e até mesmo a Mozart e Bach. Queria aproveitar a oportunidade e aconselhar as pessoas a não se entregarem a esse tipo de droga. Os traficantes só pensam no dinheiro. Eles não se preocupam com a sua saúde, por isso tapam a visão para as coisas boas e te oferecem drogas. Se você não reagir, vai acabar drogado, alienado, inculto, manobrável, consumível, descartável, distante. Vai perder as referências e definhar mentalmente. Em vez de encher a cabeça com porcaria, pratique esportes e, na dúvida, se não puder distinguir o que é droga ou não, faça o seguinte: Não ligue a TV no domingo à tarde; não escute nada que venha de Goiânia ou do interior de São Paulo; não entre em carros com adesivos “Fui…..”; se te oferecerem um CD, procure saber se o indivíduo foi ao programa da Hebe ou ao Sábado do Gugu; mulheres gritando histericamente são outro indício; não compre um CD que tenha mais de 6 pessoas na capa; não vá a shows em que os suspeitos façam passos ensaiados; não compre nenhum CD em que a capa tenha nuvens ao fundo; não compre nenhum CD que tenha vendido mais de um milhão de cópias no Brasil, e não escute nada em que o autor não consiga uma concordância verbal mínima.
Mas principalmente, duvide de tudo e de todos.
A vida é bela!!! Eu sei que você consegue!!! Diga não às drogas!!
Luiz Fernando Veríssimo

Prudente coragem

A coragem é um termo extremamente vinculado com a valentia, a ousadia instantânea e a ignorância perante o medo. Porém devemos lembrar que ter a prudência de recuar em determinados casos também pode ser intitulada dessa forma.

Quantas vezes ouvimos em nossa infância de vários colegas nossos a seguinte frase: “tem coragem não é?”. Geralmente isso é dito quando somos incitados a colocar uma bomba num carteiro, jogar uma pedra na lataria de um carro, etc. Alguns talvez por insensatez “engolem a corda” e não enxergam a imprudência que se está cometendo, de fato são nessas horas em que a coragem de se negar a fazer tal coisa se faz necessária.

Durante toda a vida em inúmeros momentos nos encontramos com situações semelhantes a essas, só que com o decorrer do tempo não são apenas nossos coleginhas que nos estimulam para o caminho errado, são circunstâncias que nos levam a acreditar que é obrigatório seguir em frente vinculando tal atitude a coragem.

Uma ideologia fajuta, uma ex-namorada em descrédito, ou até a incessante pressão pelo modelo de felicidade capitalista nos leva a acreditar que a prudência é o inverso da coragem, nos estimulando a caminhar sem medir as conseqüências reais de nossas atitudes, quando na verdade a coragem para se ter prudência seria muito mais sensato.

Ir de encontro ao nosso desejo imediato, pensar duas vezes antes de agir ou pelo menos uma vez, mas direito, exige muito mais coragem. Se desafiar é um estimulo para esse sentimento, procuremos mesclar de forma sábia o que se sente e a razão; é preciso ter coragem!

A mãe girafa faz o filho sofrer

A mãe girafa faz o filho sofrer. O parto da girafa é feito com ela em pé, de modo que a primeira coisa que acontece com o recém-nascido é uma queda de aproximadamente dois metros.
Ainda tonto, o animal tenta firmar-se nas quatro patas, mas a mãe tem um comportamento estranho: ela dá um leve chute, e a girafinha cai de novo ao solo. Tenta levantar-se, e é de novo derrubada.
O processo se repete várias vezes, até que o recém-nascido, exausto, já não consegue mais ficar de pé. Neste momento, a mãe novamente o instiga com a pata, forçando a levantar-se. E já não o derruba mais.
A explicação é simples: para sobreviver aos animais predadores, a primeira lição que a girafa deve aprender é levantar-se rápido.
A aparente crueldade da mãe encontra total apoio em um provérbio árabe: “as vezes, para ensinar algo bom, é preciso ser um pouco rude”.
Paulo Coelho

A visão de Deus e as linhas tortas


Quem nunca ouviu falar da celebre frase “Deus escreve certo por linhas tortas”? Costumamos afirmar e ouvir esse tipo de coisa quando já se passaram os problemas aos quais a vida nos expõe vez por outra. Mas muitas vezes acabamos por esquecer que quem deixa as linhas tortas é a nossa miopia diante dos fatos, o que na verdade é uma ilusão de ótica para nós para Deus é um caderno em perfeito estado e de linhas retas.

No contragosto das dificuldades que nos são apresentadas sempre nos interrogamos o porquê de tais acontecimentos, mas com o passar do tempo reconhecemos que o melhor fora o ocorrido. Quando se aproxima os frutos da providência divina e tudo começa a se encaixar perfeitamente agradecemos a Deus por tudo, mas o maior problema não está ai e sim no período de sofrimento extremo pelo qual passamos. Será tudo isso necessário?

Existem algumas pessoas que acreditam ser indispensáveis os momentos mais difíceis para o crescimento de cada um. Não sou totalmente adepto dessas idéias. Vejamos como o simples fato de entregarmos nossos problemas nas mãos de Deus nos traria maior alívio, e de quão desnecessárias seriam as horas de sofrimentos vivenciadas. Quando confiamos n’Ele temos a convicção de que andamos em linhas retas e de que nada nos trará dano algum. Mesmo com as dificuldades, as atribulações, tudo estará em perfeita harmonia com a vontade de nosso Criador, e pensando assim teremos a garantia de que o melhor para nós estará sendo feito, evitando um sofrimento perfeitamente inoportuno.

Também não é pelo simples fato de confiar em Deus que ficaremos inertes diante das situações adversas, porém se faz indispensável agir de acordo com a Sua palavra, pedindo sempre a melhor orientação.

Todavia lembremos que quando nossas vidas estão legitimamente entregues nas mãos do Criador não temos com o que nos preocupar. As trevas que enxergamos diante de nossos olhos podem ser as próprias pálpebras que desabam diante da incapacidade que temos de resolver algumas coisas. Apenas abre teus olhos, segura confiante na mão de Deus e verás o quão reto é o caminho que se apresentará.

Partida virtual, sentimento real!


Sempre me indaguei sobre o que faz o ser humano torcer por um time de futebol até o ponto extremo de criar intrigas profundas com quem diz ao menos uma chacota com sua equipe. Hoje em dia essa dúvida me incomoda ainda mais, porque todos já ouvimos falar dos acordos nos bastidores para favorecer algum time, e ainda no ano passado era destaque nos noticiários de TV a Máfia do Apito, criada por alguns árbitros corrompidos a fim de manipular os resultados. Tudo isso veio a complicar ainda mais minha dúvida.

Qual a lógica em torcer por um time cuja única coisa fixa nele é o escudo que o representa? Sim, porque é comum a mudança de técnicos em quase todas as temporadas. Os jogadores dificilmente passam mais de seis meses na mesma equipe, e quando menos esperamos lá estão eles jogando ou treinando o nosso principal rival. Como explicar a paixão doentia por um escudo com tudo isso que acontece em nossos dias?

Não sei bem quais as respostas para essas dúvidas que tanto me intrigam. O que posso afirmar é que sou um desses torcedores que não entendem essa lógica, e que às vezes é capaz de discutir aos gritos tentando convencer seja lá quem for que minha equipe é a mais preparada, ou de justificar sua derrota em salários atrasados, falta de apoio da torcida e até por companhias conhecidas como “pé-frio” na hora do jogo.

Tudo isso torna a vida ainda mais interessante e nos leva a refletir intensamente sobre a influência do imaginário em nossa realidade. De outra forma como explicaríamos que tantas falcatruas e jogos de cartas marcadas nos fizessem chegar ao extremo de chorar de raiva ou até de alegria sem afetar o nosso bom senso?

A semente e a terra


É comum ouvirmos que colhemos o que plantamos. Geralmente esse tipo de afirmação vem nos momentos mais exultantes ou na época em que estamos abatidos por uma crise grave. O fato é que nem tudo depende só dá boa semente, muito tem haver com a terra em que semeamos.

Muitas vezes na vida estamos cheios de boas intenções, atitudes nobres, e somos surpreendidos por uma decepção que avaliamos como sem precedentes. Vez por outra até culpamos Deus porque acreditamos não merecer o que nos atordoa.

Então, onde está o problema? A questão é se escolhemos bem o local de se plantar as sementes. Jesus cita isso em uma de suas parábolas: "Eis que o semeador saiu a semear. E quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram as aves, e comeram-na; E outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda; Mas vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz. E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram, e sufocaram-na.E outra caiu em boa terra, e deu fruto: um a cem, outro a sessenta e outro a trinta. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça". (Mateus, XIII, 3 a 9).”

Pois bem, antes de nos perguntarmos o que fizemos de errado, ou porque nos decepcionamos tanto, observemos de forma criteriosa a terra que escolhemos para plantar a boa semente. É importante não jogar todas elas em um só lugar, fique atento se as que já estão crescendo se desenvolvem com plenitude, porque de outra forma é melhor procurar novos ares.

Pensar... e agir!?

Quantos problemas e situações a vida coloca em nossa frente para resolvermos e muitas vezes achamos a formula perfeita para tudo, mas só em pensamento?! Esbarramos na prática, ou melhor, ficamos paralisados e nos vemos inertes a tantas idéias milagrosas. É como se pudéssemos tudo, fizéssemos muito pouco e ficássemos sem entender o porquê...

É preciso ter uma meta, mas ao mesmo tempo é preciso encará-la com realismo e enxergar as etapas que surgirão. É natural desejarmos uma solução imediata para tudo que nos interessa e afeta diretamente, porém é preciso reconhecer a importância do amadurecimento que esses momentos de “espera” nos trazem.

O que não podemos é ficar paralisados, pois isso ocorre geralmente quando mais desejamos soluções imediatas e não vislumbramos que a saída está na paciência de esperar.

Soluções imaginárias aparecem a todo instante, para qualquer que for o problema, a questão é; quando passaremos a agir e deixaremos apenas de “criar saídas” que não nos levam a lugar nenhum?

Nossos representantes!?

Vez por outra assisto a TvCâmara e a TvSenado, diante de tantos discursos e apartes, parece que o nosso país anda muito bem e que estamos sendo legitimamente até bem representados; mas só parece. Esta semana, assistindo a um determinado canal de televisão, passava um programa no qual o debate girava em torno da crise aérea pela qual enfrentamos. Participavam três deputados: dois governistas e um oposicionista (também achei garapa “dois contra um”, mas o mediador se posicionou e equilibrou o bate-boca).

Tudo foi bem hilariante. Um dos governistas chegou a dizer que a prioridade número um do país seria resolver esses atrasos nos aeroportos; até que uma telespectadora ligou revoltada, afirmando que se passara mais de dois meses e ela não havia sido atendida em um hospital do SUS. Foi então que disparou para o deputado: "o que é mais urgente: resolver os problemas da saúde e educação, ou fazer todo um alarde, usando os holofotes da mídia, para evitar que uma maioria da classe média e alta não fique esperando sentadas, algumas horinhas, em um aeroporto?" A reação do deputado foi aquela de todo o político demagogo: afirmou que muitas pessoas menos favorecidas financeiramente também utilizavam esse meio de transporte e... blá blá blá...

Tudo nos leva a refletir quem são “nossos representantes”. Chegamos a um ponto cada vez mais critico, elegemos para falar por nós pessoas com comprometimentos penosos para a maioria do povo; geralmente, grandes fazendeiros ou industriais - e até temos verdadeira discriminação com os candidatos chamados “nanicos”(por terem poucos recursos financeiros), em época de eleição. Estamos colocando para representar a fome quem vive de barriga cheia; para representar a sede quem vira madrugadas derrubando garrafas de Whisky e trocando diariamente a água de suas piscinas. Isso está certo?

Até quando ficaremos chamando alguns políticos de bandidos, com as mãos cruzadas? Até quando ficaremos inertes diante da destruição do patrimônio público? Até quando vencerá o jingle eleitoral mais bonito e o candidato que tem mais carros nas carreatas? Nós, cidadãos comuns, até quando colocaremos para nos representar quem só vive dentro de carro blindado e andando de avião?
Obs: a telespectadora merece o reconhecimento de todos nós.

Esperança

Almejar o quase impossível é considerado por muitos uma atitude insana, outras pessoas preferem classificar de utopias tudo que não é fácil de conseguir. O que nos leva então a acreditar que se pode tornar real os sonhos? A esperança.

Somente a esperança não dá ouvidos a dúvida e nem aos obstáculos. Para ela acreditar é tudo, persistir é vencer e sonhar é viver.

Ao sonhar alimentamos a esperança. Ao acordar devemos caminhar junto com ela em busca do que se quer, pois do contrário é desistir de viver. Abandonar os sonhos é não ter esperança na vida, e neste caso a cada dia morremos um pouco.

Às vezes deixamos adormecer a ânsia pelo que buscamos, nesses momentos é necessário lembrar de que consiste nossa verdadeira felicidade, pois é dela que precisamos para uma existência plena.

LEMBRE-SE: A esperança não morre nos sonhos e para viver é preciso sonhar.

Morrer melhor: Insanidade capitalista!

As previsões climáticas para as próximas décadas não tem sido nem um pouco animadoras. Segundo os mais variados institutos de pesquisas em todo o mundo, caminhamos para uma completa catástrofe. Citam como fator principal a emissão de gases poluentes para a camada de ozônio.

Dentre as previsões algumas chamam mais atenção: o aumento da temperatura mundial previsto para esse século é de aproximadamente 4%, isso quando 2% já seriam suficientes para causar grandes estragos em nosso globo terrestre; no Brasil, por exemplo, boa parte do Nordeste deve se torna um deserto, tornando impróprio para habitação humana; outra previsão alarmante é que alguns dos dez maiores rios do mundo estão sob ameaça de secar, graças ao aquecimento previsto, assim como pela má utilização da água. Bem, o quadro acima não é nenhum pouco animador, e é porque deixei de citar, por exemplo, que até no Sul e Sudeste do Brasil passarão a ocorrer os temíveis tornados.

Num contexto como esse é natural que perguntemos: o que temos feito para evitar que isso ocorra? Alguns países têm buscado soluções, ainda que tímidas, mas que em longo prazo surtirão algum efeito(ex: parte da União Européia). O que mais surpreende (será?) é a postura da principal potência mundial, cujo mandatário maior, por convicção e pressão de seus compatriotas se nega a participar de qualquer ação que vise amenizar essa catastrófica previsão. Por quê? É simples, afeta diretamente os lucros das grandes empresas poluidoras que estão justamente instaladas em território norte-americano.

Nessas horas a humanidade assiste de mãos atadas a inércia de quem mais poderia contribuir para a busca de uma solução considerável; os EUA. O capitalismo se infiltrou de tal forma dentro de nós que pensamos de acordo com ele, e até chegamos algumas vezes a comprar a briga que não nos trás beneficio, mas é vendida como correta pelos meios de comunicação, majoritariamente controlados pelas grandes empresas capitalistas. Protestos até que ocorrem, mas não é suficiente para sensibilizar quem parece não ter preocupação com o futuro e só pensa no lucro que o presente pode oferecer.

Até que ponto chegará a ambição humana? A destruição beira a nossa Terra e mesmo assim “continuamos brigando por quem vai morrer melhor”, apesar de saber que poderíamos lutar contra o mal comum e sairmos todos vencedores.

A trave no olho

Acompanhamos nos últimos dias a guerra fratricida entre o arcebispo da Paraíba Dom Aldo Pagotto e lideranças da Igreja Universal do Reino de Deus. O motivo? As criticas proferidas pelo arcebispo condenando a mais nova sede da IURD em João Pessoa. Dom Aldo se diz contra a magnificência do templo e taxa os lideres da denominação de “mercantilistas da fé”.

Bem, de imediato podemos considerar o arcebispo correto. Não tem para quê ostentar luxo em meio a tanta desgraça que poderia ser amenizada com o mesmo dinheiro. Agora sejamos sensatos; de onde vem essa critica? De um representante da Igreja que construiu templos com ouro e pedras preciosas num passado não tão distante.

Até merece respeito a atitude nobre de Dom Aldo, mas consideremos que o mais prudente seria desferir essas criticas ao seu líder maior na hierarquia da Igreja Católica; o Papa. Ele mesmo que só pisa em tapete vermelho, e que quando visita um país os seus gastos se aproximam aos da construção de um grande templo. Nada contra o Papa, tenho muito respeito por ele, mas que essas atitudes em muito se distanciam da simplicidade do fundador do cristianismo.

Portanto, fica aqui uma sugestão, tanto aos lideres cristãos da IURD como aos da Igreja Católica: tentem investir mais com o que arrecadam nas carências humanas básicas dos servos; invistam menos em pedra e cal, e lembrem que a carne e o osso necessitam de cuidados bem mais urgentes e constantes.

No mais, um versículo bíblico: "Como é que vedes um argueiro no olho de vosso irmão, quando não vedes uma trave no vosso olho? - Ou, como é que dizeis ao vosso irmão: Deixa - me tirar um argueiro do teu olho, vós que tendes no vosso uma trave? - Hipócritas, tirai primeiro a trave do vosso olho e depois então, vede como podereis tirar o argueiro do olho de vosso irmão." (Mateus, cap VII, vv. 3 a 5)

Vencedor

Corpo da gente padece
Se for viver de lembrança.
E na vida o que se planta,
Se não colher apodrece.

E sequer pensar se ama -
Nossa memória que esquece -,
Tenta fazer-nos uma prece:
É coração que se engana!

E respirando paixões,
Eu quis amar e não pude -
São fantasias e ilusões,
Que só o real desilude!

Pois, dessa vez, eu não perdi
Para o mundo de amantes.
Lembrando que jamais venci...
Mas vivo! Melhor que antes...

Evaporou...

A visita do Presidente norte-americano George W. Bush ao Brasil trouxe pouca coisa de novidade. Pelo menos no que diz respeito a boas notícias, pois o que não piorou continuou na mesma.

Com seu aparato de segurança (até pequeno em relação ao pavor que o povo demonstra sentir por suas ações) impressionou mais que os possíveis frutos que essa visita poderia acarretar. Por sinal, os quilos de comida trazidos de fora, o engarrafamento gerado pela chegada de sua comitiva e a garagem reservada para seus cães foram os fatos que mais chamaram a atenção da mídia.

Trataram Bush como um pop star mais do que por ser um chefe de Estado. Vasculharam seu apartamento após sua saída e esqueceram de mostrar com mais ênfase o objetivo dessa “visita de cortesia”. O fato é que sua estadia em nosso continente teve como objetivo a estratégia de melhorar as relações políticas com alguns paises que estão sob influência continua do Presidente venezuelano Hugo Chavez.

Chavez que não é nem um pouco alheio as jogadas do Império Ianque, conseguiu chamar a atenção com os movimentos organizados em repúdio a visita de quem ele define como “Diabo”.

Com todo esse jogo de cena esquecemos as boas novidades que Bush não trouxe. Evaporou como um etanol.

Engatinhando pela vida

Como nos vem a vontade de voltar a ser criança; a enxergar o mundo como uma criança. Tudo é bem mais simples. Não entendemos quase nada do que se passa ao nosso redor: jogos, negociações, relacionamentos, classes sociais, etc. Apenas queremos brincar sem grande maldade. Acreditamos em tudo que é dito, até os nossos maiores sonhos se limitam a um pequeno lanche na pizzaria com a nossa família.

Como seria bom esquecer tanta mediocridade. Ajudaríamos mais uns aos outros sem cobrar nada em troca. Choraríamos ao ver algum colega nosso se machucar, e talvez se todo o mundo fosse criança de uma só vez, quando chorássemos Deus não deixaria que nada acontecesse de mal a nenhum de nós.

As namoradas, isso é lógico que teria que ter! E como seria bom se quando chorássemos o nosso bom Deus a devolvesse para perto de nós. Não existiria maldade, mas um amor do jeito que deve ser: sincero, transparente e totalmente voluntário.

Já imaginou as guerras? Não existiriam. No máximo puxaríamos o cabelo de nosso colega, mas nada que não fosse resolvido sem nenhum grande problema. Como seria melhor se todos fossem crianças! Quando não entendêssemos o que se passava diante de nossos olhos, então Deus nos traria conforto e entendimento.

Jesus disse na Bíblia: “Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele”. Daí pode-se concluir o quão é feito de acordo com o coração de Deus essa etapa de nossas vidas. Acredito que é possível agir sem maldade, apenas pelo que manda nosso coração, e isso é a nossa verdadeira razão... a razão de viver!

Raymundo Asfora - 20 anos de saudade!


"Era como um manancial de águas correntes. Ninguem precisava se abaixar para beber da sua água, ela corria no nivel de todas as necessidades." (Asfora)
"Certa vez Raymundo Asfora proferiu uma sentença que só o homem que pensa, que sofre, que ri, que chora que pede, suplica, implora, diria coisa tão bela, ou debocharia dela fazendo a cena engraçada: a morte está enganada eu vou viver depois dela." (Ronaldo Cunha Lima)

Dieta involuntária

Estou meio que perdido,
Sempre triste, só lamento.
Agora só sobrevivo
De pão, água e sofrimento.

Abandonado, só respiro
O que deixaste de tormento.
Agora só sobrevivo
De pão, água e sofrimento.

Desarrumado, e sem destino
Vivo morrendo por dentro.
Agora só sobrevivo
De pão, água e sofrimento.

No chão, firme não piso.
Andar sozinho não agüento.
Agora só sobrevivo
De pão, água e sofrimento.

Dessa dieta desisto,
Que o coração ta morrendo.
Agora só sobrevivo
De pão, água e sofrimento.

Pesadelo: para acordar melhor


Sonho estranho. Covarde. Sonhar sabendo da impossibilidade; sim porque existem coisas impossíveis, pode ter certeza disso. Quando acordamos tudo se torna um pesadelo. Pura covardia.

Quem tem a chave dos sonhos? Se as tivesse trancaria todos, só deixaria os pesadelos serem processados, porque ai ao acordar sentiria um alivio e não ficaríamos sempre angustiados. Quando o que já foi real torna-se apenas uma ilusão é bem melhor não sonhar.

A realidade pede muitas vezes a fuga para os sonhos, e só se faz necessário ceder quando isso não compromete o retorno à realidade. Mas como controlar isso? Também não sei. Apenas tento projetar um mundo melhor, e menos covarde. Um mundo que valorize o real, a sinceridade, mas acima de tudo a coerência.

Acabei de acordar e fiz questão de escrever, porque entre o sonho virtual e o pesadelo real existe algo em comum; são apenas criações. Mas existem. Tanto que sinto a alegria e a angústia, a lágrima e o sorriso, a felicidade e a dor.

Que me deixem sonhar pela eternidade, ou que façam do meu pesadelo apenas uma ilusão rápida e passageira. Porque ter pesadelo tem sido um sonho para puder acordar melhor.

Resistência

ETERNA MÁGOA

O homem por sobre quem caiu a praga
Da tristeza do Mundo, o homem que é triste
Para todos os séculos existe
E nunca mais o seu pesar se apaga!

Não crê em nada, pois, nada há que traga
Consolo á Mágoa, a que só ele assiste.
Quer resistir, e quanto mais resiste
Mais se lhe aumenta e se lhe afunda a chaga.

Sabe que sofre, mas o que não sabe
E que essa mágoa infinda assim, não cabe
Na sua vida, é que essa mágoa infinda

Transpõe a vida do seu corpo inerme;
E quando esse homem se transforma em verme
É essa mágoa que o acompanha ainda!

Augusto dos Anjos

Escombros de uma crença

Nascer já não é tão fácil, e quando somos obrigados por forças maiores a renascer? É complicado, mas a vida nos cobra isso vez por outra e nem sempre damos ouvidos. É necessário, porém, entender o chamado e querer agir, ou então temos todas as chances do mundo de ser hospedeiro da dor por um tempo prolongadamente dispensável.

Certa vez ouvi num momento difícil em que atravessava: “essa é uma das muitas decepções que enfrentamos na vida. Quando isso acontece devemos erguer a cabeça e seguir em frente!”. Ao se acabarem essas palavras, de imediato pensei se valia a pena estar aqui na Terra. Hoje vejo que vale. Sabe por quê? Talvez porque se ouve motivo para decepção, é também porque existiu crença, confiança e felicidade antes de tal sentimento chegar... e acredito que é possível renascer e voltar a acreditar nos sonhos.

Em tudo que aprendi nesse processo de reconstrução, a mais importante e melhor notícia é que, com os destroços do que resta do passado montamos um alicerce mais seguro e com maior estabilidade para o futuro. Viver se torna mais simples. Disseram-me outra época que “a dor tem uma função em nosso organismo”, repliquei que “nesse caso, em mim essa função poderia ter vindo com defeito de fábrica”, isso foi o necessário para ouvir a genial resposta: - Então procure a autorizada!

Aos poucos renasço e piso nos escombros do passado recente. Reconstruindo minha vida, procuro hoje escolher material de melhor qualidade do que os que em outra época pensei que prestava. Se for necessário ser igual a fênix, das cinzas que restarem não farei um só tijolo na elaboração do meu futuro.

Poesias e desabafos no pensamento do sentimento

Túlio Feitosa, grande amigo meu, lançou um blog que vale a pena ser lido.

obs: recomendo para Maria Eduarda, em especial.

http://tuliofeitosa.globolog.com.br/

De volta ao futuro

Peço desculpas pelo tempo que passei sem postar nenhum texto. As férias e alguns problemas me impediram de fazer qualquer publicação.

A partir de hoje o AsforaBlog volta a ser atualizado com frequência.

A ilusão nos faz imóvel

O desejo de agir nos invade repentinamente, nos trás a sensação de que tudo é possível. Construir um lar sem que nada falte de essencial, ter um trabalho sempre prazeroso, possuir aquela fazenda... Por um instante a única coisa impossível é a impossibilidade de alcançarmos o que almejamos. Os sonhos nos levam até onde a realidade permite que cheguemos.

Todos os planos dão certo movido pela certeza de nossa capacidade. Então, acabamos por esbarrar numa realidade que exige tática, dedicação e planejamento. Ter disciplina nos ajuda a fixar metas, desenhar o caminho que devemos percorrer a fim de que tenhamos êxito no que está em jogo. É preciso ousadia para mudar, persistência para alcançar e planejamento para administrar o foi conquistado.

A vida nos cobra há todo o momento e os nossos sonhos mostram o que é possível de se alcançar. Alimentar um sonho na busca por concretizá-lo nos faz viver. Do contrário, apenas ratificam a angustia de ser apenas uma ilusão.

Sonhe... jamais se deixe iludir!

Roubo de Consciência

É no mínimo hilariante o grau de violência ao qual chegamos no Brasil. A mais nova modalidade de assalto é a de cabelo, isso mesmo, no Rio de Janeiro já estão roubando cabelo para se vender nos salões de beleza. Isso quer dizer, que mesmo andando nu ainda podemos ser assaltados. Cuidado com as tesouras a partir de agora!

A falta de investimentos em educação, saúde e na geração de empregos tem como conseqüência direta o que presenciamos quando vemos o noticiário: assassinatos por causas supérfluas, superlotação de presídios, insegurança presente a todo o momento na maioria da população, enfim, graças a omissão da sociedade em cobrar de forma mais severa dos seus governantes caminhamos para uma Guerra Civil, onde a organização do Estado se torna cada vez mais vulnerável aos interesses dos donos de capital.

O Estado Brasileiro parece oprimido pelas massas e reage fazendo fortes investimentos em segurança, esquecendo-se de prevenir, tenta remediar a situação. A elite do País dá as costas aos interesses da nação e enxerga apenas os projetos que visem a ampliação de seus já fartos bolsos. Acastelam-se em suas mansões e se iludem ao achar que estão acima dos pobres mortais que os cercam nas periferias. Estão diante de uma panela de pressão.

A cada dia mais atormentados com o aumento da insegurança, acabamos por não enxergar que o sistema capitalista aos poucos rouba nossa consciência cidadã, e mesmo sem querer legitimamos o Estado como guardião desse modelo que nos aprisiona.

Digna direção, melhor educação!

Várias discussões são levantadas em nome dos investimentos na educação em todo o país, no entanto, essas pessoas sempre falam da precariedade das estruturas físicas como fator principal para as dificuldades enfrentadas pelo setor, esquecendo-se muitas vezes de um elemento indispensável para que se alcance êxito nos investimentos da área: a direção escolar. Dela sempre parte a maioria das decisões que determinam a boa ou a má utilização dos investimentos feitos.

Os diretores na maioria das escolas do país, principalmente nas pequenas cidades, são nomeados através da influência política de deputados que tem a região como base eleitoral. Eles escolhem algum professor que tenha votado e feito campanha para eles na ultima eleição, excluindo da lista os que de alguma forma declararam posição contrária, e sem nenhum outro critério, nomeiam essa pessoa para gerir a administração escolar, colocando o futuro de milhares de jovens e crianças nas mãos de quem digitou seu número na urna, mas que não tem como marca sequer um dígito de competência.
A incompetência para gerenciar a instituição fica patente e reflete diretamente na qualidade do ensino que é oferecido, formando implicações como: boletins que não são entregues em tempo hábil, deixando os pais desinformados sobre a situação dos filhos, portanto de mãos atadas para tomar qualquer providência ou fazer qualquer cobrança; professores faltando sem oferecer nenhuma justificativa plausível, e que ainda achando pouco a falta de compromisso com o trabalho enviam pessoas sem a devida capacitação para substituí-los, estes sendo prontamente aceitos pela direção; o apadrinhamento político também gera, entre outras coisas, a falta de respeito com os colegas de trabalho, onde por se julgarem superiores acham-se no direito de desrespeitar as regras e de cobrar o cumprimento das mesmas pelos seus comandados, produzindo irreversíveis intrigas, intensamente prejudiciais para um melhor desenvolvimento das atividades que necessitam da união entre ambos.

Foram muitas às vezes em que ouvi falar sobre educadores descompromissados com o patrimônio público, onde, por falta de uma maior fiscalização e talvez até de um mínimo de sensibilidade do próprio professor, levam os equipamentos enviados pelo governo para suas residências ou doam para conhecidos como se fosse propriedade particular, ficando os alunos sem nem ver o que lhe foi enviado como ferramenta para alcançar ao conhecimento, e os que cometem o delito sem nenhum tipo de punição. Basta conviver um pouco dentro de uma escola para se ter idéia do que quero dizer. Tudo isso fruto das irresponsáveis nomeações, que pouco ou nada possuem de compromisso em zelar pelo que é público.

Para a melhoria no setor educacional se faz necessário: extinção do apadrinhamento político, devendo os diretores serem eleitos através dos votos de seus pares; implementação de um salário digno para os professores; constante investimento na qualificação profissional e uma maior fiscalização dos bens públicos.

O aprimoramento do espaço físico e material é, sem dúvidas, importante para a estruturação do ensino, mas passa longe de ser a prioridade número um dentre tantas outras que necessitam de ações mais cuidadosas e urgentes. Diminua-se o investimento em pedra e cal e aumente-se o de carne e osso.

O futuro


Às vezes nos sentimos presos em nossos próprios sonhos. O futuro? Ah... Pensamos que só se deve esperar! De repente... Ebulições insistem em que tomemos as rédeas do destino. Mas, por quê?

Somos cegos, e assim que encontramos um corredor onde possamos nos apoiar dos dois lados; seguimos em frente! Acreditamos que aquele caminho nos levará aonde sonhamos. Nunca é assim! Sempre batemos de frente com uma nova parede, que nos faz retornar, e voltando ao início nos sentimos em um labirinto, onde com medo de tomar novamente um caminho curto, ficamos paralisados.

Pensamos, falamos, escrevemos... Mas ninguém entende! Será que as paredes dos sonhos também abafam os nossos pensamentos? É difícil viver, porque além de temer a paralisia, esbarramos no cansaço dos que aos poucos perdem a esperança.

O futuro? Ah... a Deus pertence, e a nós o dever de se habituar ao que está guardado.

Jornal Patrocinado - por quem fazemos à notícia!

Nos últimos tempos, quase nada tem passado despercebido por ela, dos bastidores até o fato, nos mostra como funciona o nosso mundo. Mas, até que ponto a imprensa trabalha com a verdade e quais são seus reais interesses? Ai pode está a resposta para muitas de nossas interrogações.

Primeiro, idealizemos um jornal... para que tenha circulação e periodicidade, se faz necessário um capital, no mínimo, organizado ao ponto de respeitar os acordos feitos com os seus assinantes. Então, o que garante a existência de uma publicação? Meios de sustentação estáveis, aos quais chamamos de patrocinadores.

O patrocinador, no contrato, geralmente requer um espaço para divulgação de seus produtos, sejam eles idéias ou bens materiais. Mas pergunto a você leitor, caso fosse patrocinador de algum meio de comunicação, permitiria uma manchete contrária aos seus interesses, sem que houvesse de sua parte nenhuma retaliação? Ou então; permitiria, caso fosse o dono de um meio de comunicação, que seus jornalistas (aos quais você paga o salário), escrevessem algo que afetasse aos seus patrocinadores (que pagam o seu salário e sustentam à sua empresa)? Provavelmente, a resposta seria não. Nisso consiste a essência do que lemos, vemos e ouvimos no mundo. Quase tudo se resume a troca de interesses.

Podemos nos perguntar, mas o que fazer para saber de fato a “verdadeira notícia”? Bem, a princípio consultar o máximo de fontes possíveis, ou, no mínimo, opiniões com interesses distintos. É difícil estabelecer o que seria uma “notícia verdadeira”, pois, se tratando de interesses, cada um tem o seu e nem por isso está errado. O que devemos é filtrar, através do bom senso, a manchete que nos é oferecida, se mantendo equidistantes aos interesses envolvidos.

O fato pode não está na notícia, mas a notícia sempre fará parte do fato.

Mudança



Mudei o provedor de hospedagem do Blog, por aqui fica mais fácil atualizar, além de possuir um design melhor também possui mais espaço para postar.
Abraço.

O preço de viver

Viver para muitos é conseguir um bom cargo, que lhe dê status e seja suficiente para alimentar aos que deseja está sempre por perto. Em minha opinião, viver é contestar opiniões, quebrar conceitos, inovar atitudes e promover a alegria da vida aos que nos circundam.

Sinceramente, não consigo entender como algumas pessoas conseguem sobreviver tentando sempre se encaixar em estilos pré-estabelecidos. Qual a graça de cumprir um papel certinho, o aplauso da platéia? Pode ser... Mas creio que o ingresso pelo qual essa platéia pagou para te ver nos moldes, não é um preço justo para nos garantir a alegria de viver.

O que, então, nos motiva a caminhar sempre nesse sentido? A falta de uma identidade própria, construída as bases de um sonho que eternamente será possível perseguir. Isso é viver a realidade, é sair do palco, pelo qual esperam que subamos, e correr atrás do que de fato nos fará melhor.

Existe um preço a pagar por não se aceitar seguir caminhos já trilhados, mas apenas é necessário enxergar que nós é que damos valor às coisas que construímos!

O efeito estufa, a Amazônia e o papel do Brasil

É preocupante o grau de desmatamento que se encontra a Amazônia. Na velocidade em que evoluem as queimadas e o corte de árvores, mesmo com a sua redução nos últimos dois anos, já é possível afirmar (através de estudos do IPAM* e da WHRC*, por exemplo) que no final dessa década o clima predominante na floresta passará a ser mais seco, reduzindo a quantidade de chuvas, o que facilitará as queimadas naturais e consequentemente o aumento na emissão de gases causadores do efeito estufa. No Brasil, o desmatamento representa hoje aproximadamente 75% da emissão de gases que nosso país produz.

O problema vem sendo enfrentado de forma eficaz pelo governo nos últimos anos, que através de pesadas multas e de uma maior fiscalização, por meio do IBAMA, vem conseguindo reduzir de dois anos para cá a devastação das matas num valor considerável; 26.77% no Sul da Amazônia só em 2006, em comparação ao mesmo período do ano anterior.

Apesar de ser um caso extramente complicado de tratar, pois confronta diretamente o modelo vigente de crescimento da economia, é preciso cuidar de forma mais intensa o problema. Para se ter noção da complexidade que certas medidas podem acarretar, foi constatado ainda este ano, por órgãos fiscalizadores federais e estaduais, que assentamentos oriundos da Reforma Agrária tem se constituído também num grave fator pró-desmatamento.

Por se tratar de algo que vai de encontro a tantos interesses, dos mais diversos setores produtivos da sociedade, as medidas necessárias para que se combata o atual processo enfrenta as mais variadas resistências.

Sendo a emissão de gases uma preocupação em escala mundial, não depende exclusivamente do Brasil para que esse quadro assustador de aquecimento da Terra se reverta. Portanto, é indispensável o registro, que em nosso país muita coisa ainda precisa ser feita para que o atual quadro melhore, e que seu papel não se limita apenas a medidas paliativas, mas de posições concretas que sirvam de exemplo aos demais países, onde muitas vezes são ignorados os efeitos devastadores que estão em jogo se não for tomada nenhuma medida urgente.
*IPAM – Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia
*WHRC - Woods Hole Research Center