De que lado você está?


Quando um projeto se consagra vencedor nas urnas, no caso da eleição majoritária, os parlamentares que defenderam tal norte são denominados de governistas. Da mesma forma, os que defenderam os projetos derrotados são considerados oposicionistas. Isso é básico, mas é por essa linha de raciocínio que quero refletir com vocês o quão deturpado está à atuação da nossa classe política.

A ausência de projetos consistentes permeia a totalidade das agremiações partidárias, o que reflete diretamente nos posicionamentos que saem do campo das ideias – pois muitas vezes inexistem para gerar um contraponto - e adentram no campo pessoal. Por isso, hoje em dia – via de regra -, não se condena determinada ação de um gestor público, se condena o gestor e ponto final. Para a oposição é tudo ou nada. Para os governistas, o que emana do poder executivo é como se fosse palavra bíblica para o cristão mais fervoroso. 

Mas o que deveria nortear a atuação parlamentar? Em minha opinião, o projeto partidário, e não o eleitoral – leia-se pessoal. Até porque é quase impossível dois projetos partidários serem totalmente antagônicos, o que demonstra que as votações no parlamento não deveriam revelar-se tão de cartas-marcadas. Para isso, é preciso trabalhar o projeto partidário que cada agremiação tem a oferecer a sociedade. 

É verdade que cada voto deve ser fundamentado ao eleitorado, do contrário a margem para a suspeita ficaria reforçada, mas é preciso quebrar o paradigma de que o parlamentar da oposição que votou com o governo é um traíra.

Os benefícios para a sociedade seriam inúmeros. Primeiro, vários projetos importantes não seriam retardados ou sepultados, prejudicando a todos por picuinhas que estão a margem do interesse da sociedade. Segundo, o debate qualitativo envolveria mais a sociedade, já que a mesma iria analisar visões distintas e reais, cobrando resultados e participando ativamente.

No dia em que tivermos uma política majoritariamente propositiva e impessoal, os tempos serão outros e bem melhores. Para isso, não é apenas necessária uma conscientização da classe política, mas sim uma conscientização do eleitor, na hora do voto. Pense bem. Que projeto você defende?