Colocar-se no lugar dos
outros é, indubitavelmente, a melhor maneira de evitar que cometamos
injustiças. Esta máxima é também um princípio que deveria ser
observado por todos nós. Digo isso porque é lamentável vê-la em
desuso por algumas pessoas, como pude presenciar dia desses em um
grande supermercado de nossa cidade.
No caixa reservado para
gestantes, idosos e deficientes, um indivíduo, na faixa dos 35 anos
e com saúde visivelmente boa, resolveu entrar na fila de quem
deveria ter prioridade. O resultado é que um senhor, aparentemente
em torno dos 70 anos, se postou logo atrás dele. Foi o suficiente
para a caixa do supermercado alertar ao intruso que aquele
atendimento era exclusivo para as pessoas especificadas na placa
afixada logo acima de onde estava.
Na defensiva, o
referido indivíduo foi logo afirmando em tom de ironia: “você
sabe se eu não tenho nenhuma deficiência? - olhou para o senhor
logo atrás e disparou – este senhor tem muito mais disposição do
que eu!”. Diante do constrangimento, o homem de cabelos brancos
apenas deu um sorriso tímido, como quem busca evitar de qualquer
modo maior embaraço.
Logo começou um
bate-boca, onde a caixa solicitou ao insensível cidadão que
apresentasse algum documento que justificasse aquela prioridade no
atendimento. Nada feito. O gerente foi chamado e mandou que se
atendesse, logo, o “cliente de tempos”. Enquanto isso, a
atendente, resignada, sussurrou: “já a segunda vez que ele faz
isso”.
Diante do fato, pensei:
o “penetra” talvez tivesse razão, ele possui, de fato, uma
deficiência diagnosticada apenas pela observação de sua conduta. A
sua deficiência é de caráter...