O preço de um ideal e a hipocrisia


É natural no contagiante calor da juventude aflorar a defesa de “ideais” de liberdade, justiça e solidariedade. Mas com o passar do tempo a maioria das pessoas se vêem amordaçadas por causas cada vez mais individuais e seletistas.

O dinheiro, num mundo que focaliza excepcionalmente os shoppings centers e suas ofertas, torna-se o objetivo de vida de muita gente. As causas sociais são defendidas de maneira a ostentar apenas o status e afagar (ou enganar?) a consciência que grita no vazio de seu próprio espaço.

Para “vender a alma” só basta o lance e muitos são arremessados até a vala onde multidões caminham para um abismo lamacento, com a intocável consciência de tarefa cumprida que só a ignorância traz. Determinado grau de satisfação vem acompanhado de altas doses de hipocrisia, tão encantadoras e convincentes que alguns chegam a se comover de sua boa conduta perante a “sociedade” numa auto-reflexão.

São raras as pessoas que no meio do caminho não param de escutar o clamor humanitário que esperneia diante de tanta injustiça. A sede de igualdade dos que ainda possuem alguma água e sentem a necessidade de distribuí-la para quem não tem, está cada vez mais escassa.