Aos amigos de Campina II

Confesso que não esperava tamanha repercussão do primeiro artigo que denominei “Aos amigos de Campina”. Nele falei do orgulho que tenho em ser neto de um grande homem, cearense de nascimento e paraibano por adoção, que contribuiu com seus talentos para ver sua terra cada vez mais desenvolvida e menos injustiçada. Também citei em meu artigo publicado neste blog um pouco da minha natureza política e da atração que o debate de idéias exerce sobre mim. Tudo isso atingiu minha vida com um redemoinho de especulações político-partidárias.

Foram vários os convites de lideranças municipais e até estaduais para que me filiasse aos seus respectivos partidos, visando sempre à disputa eleitoral que se aproxima.

É preciso deixar claro que quando afirmei “está pronto para contribuir com a nossa cidade”, não me limitava apenas à esfera política, que sem dúvidas tem uma expressão e importância singular, porém incluía também a colaboração que posso dar enquanto cidadão que trabalha, estuda e quer o bem de sua região.

Sinto-me preparado para almejar um futuro melhor em sociedade, mas não necessariamente isso tem ligação com a classe política. É preciso deixar bem claro, que se vier a participar da vida pública não será com um passo precipitado que irei iniciar a caminhada. O mundo está sempre nos ensinando e é preciso ter cautela para não colocar a carroça na frente dos bois.

Sempre fiel ao que acredito pretendo seguir a orientação do que me fala a consciência, inclusive pela voz dos que me querem bem.

20 anos sem Carlos Drummond de Andrade

Hoje não escrevo

Chega um dia de falta de assunto. Ou, mais propriamente, de falta de apetite para os milhares de assuntos.
Escrever é triste. Impede a conjugação de tantos outros verbos. Os dedos sobre o teclado, as letras se reunindo com maior ou menor velocidade, mas com igual indiferença pelo que vão dizendo, enquanto lá fora a vida estoura não só em bombas como também em dádivas de toda natureza, inclusive a simples claridade da hora, vedada a você, que está de olho na maquininha. O mundo deixa de ser realidade quente para se reduzir a marginália, purê de palavras, reflexos no espelho (infiel) do dicionário.
O que você perde em viver, escrevinhando sobre a vida. Não apenas o sol, mas tudo que ele ilumina. Tudo que se faz sem você, porque com você não é possível contar. Você esperando que os outros vivam para depois comentá-los com a maior cara-de-pau (“com isenção de largo espectro”, como diria a bula, se seus escritos fossem produtos medicinais). Selecionando os retalhos de vida dos outros, para objeto de sua divagação descompromissada. Sereno. Superior. Divino. Sim, como se fosse deus, rei proprietário do universo, que escolhe para o seu jantar de notícias um terremoto, uma revolução, um adultério grego - às vezes nem isso, porque no painel imenso você escolhe só um besouro em campanha para verrumar a madeira. Sim, senhor, que importância a sua: sentado aí, camisa aberta, sandálias, ar condicionado, cafezinho, dando sua opinião sobre a angústia, a revolta, o ridículo, a maluquice dos homens. Esquecido de que é um deles.
Ah, você participa com palavras? Sua escrita - por hipótese - transforma a cara das coisas, há capítulos da História devidos à sua maneira de ajuntar substantivos, adjetivos, verbos? Mas foram os outros, crédulos, sugestionáveis, que fizeram o acontecimento. Isso de escrever O Capital é uma coisa, derrubar as estruturas, na raça, é outra. E nem sequer você escreveu O Capital. Não é todos os dias que se mete uma idéia na cabeça do próximo, por via gramatical. E a regra situa no mesmo saco escrever e abster-se. Vazio, antes e depois da operação.
Claro, você aprovou as valentes ações dos outros, sem se dar ao incômodo de praticá-las. Desaprovou as ações nefandas, e dispensou-se de corrigir-lhe os efeitos. Assim é fácil manter a consciência limpa. Eu queria ver sua consciência faiscando de limpeza é na ação, que costuma sujar os dedos e mais alguma coisa. Ao passo que, em sua protegida pessoa, eles apenas se tisnam quando é hora de mudar a fita no carretel.
E então vem o tédio. De Senhor dos Assuntos, passar a espectador enfastiado de espetáculo. Tantos fatos simultâneos e entrechocantes, o absurdo promovido a regra de jogo, excesso de vibração, dificuldade em abranger a cena com o simples par de olhos e uma fatigada atenção. Tudo se repete na linha do imprevisto, pois ao imprevisto sucede outro, num mecanismo de monotonia... explosiva. Na hora ingrata de escrever, como optar entre as variedades de insólito? E que dizer, que não seja invalidado pelo acontecimento de logo mais, ou de agora mesmo? Que sentir ou ruminar, se não nos concedem tempo para isso entre dois acontecimentos que desabam como meteoritos sobre a mesa? Nem sequer você pode lamentar-se pela incomodidade profissional. Não é redator de boletim político, não é comentarista internacional, colunista especializado, não precisa esgotar os temas, ver mais longe do que o comum, manter-se afiado como a boa peixeira pernambucana. Você é o marginal ameno, sem responsabilidade na instrução ou orientação do público, não há razão para aborrecer-se com os fatos e a leve obrigação de confeitá-los ou temperá-los à sua maneira. Que é isso, rapaz. Entretanto, aí está você, casmurro e indisposto para a tarefa de encher o papel de sinaizinhos pretos. Concluiu que não há assunto, quer dizer: que não há para você, porque ao assunto deve corresponder certo número de sinaizinhos, e você não sabe ir além disso, não corta de verdade a barriga da vida, não revolve os intestinos da vida, fica em sua cadeira, assuntando, assuntando...
Então hoje não tem crônica.


Carlos Drummond de Andrade

Agradecimento


O número de acessos ao AsforaBlog tem crescido muito nos últimos meses. Milhares de leitores dentro de um único bimestre! A responsabilidade é crescente.
Só tenho a agradecer pela atenção dispensada ao que escrevo e ao carinho com que as pessoas comentam comigo cada palavra aqui publicada.

Era uma casa... dos estudantes!

Estive esta semana visitando a antiga Casa do Estudante Félix Araújo, e lamentei profundamente o estado em que, outrora salvadora casa, se encontrava clamando por salvação.

Por falta de uma boa administração, como de maior interesse por parte dos últimos dirigentes do Centro Estudantal Campinense, todo aquele patrimônio obtido graças aos esforços de lideranças estudantis que fizeram história em nossa cidade, agora passará as mãos de outra instituição.
Assim sendo, se somará a mais uma derrota do alunado, que por falta de uma entidade legitimada e comprometida com a causa estudantil, saboreia mais um amargo gosto de perda.

É verdade que a Casa do Estudante perdeu um pouco sua finalidade maior – abrigar os estudantes de cidades vizinhas que não possuíam residência fixa em Campina – pois toda cidade em nosso Estado hoje em dia possui o ensino médio completo. Assim sendo, não obriga o aluno a sair de sua região como antigamente.

Porém, é indispensável lembrar que as necessidades dos estudantes não se limitam ao abrigo, e que um patrimônio de tamanha envergadura não poderia escorregar das mãos de uma classe que tanto se empenhou em assegurá-la.

Aos atuais dirigentes do CEC, diante de sua incapacidade de mobilização, aqui vai uma dica em forma de letra musical, por sinal bem conhecida: “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte!”.

Talvez não

O poeta é um ser especial, sempre sensível ao fato no qual põe o olho. Enxerga de uma maneira singular as circunstâncias, dando-lhe uma intensidade emocional mais apurada e mística.

É assim, inconformado com as convenções, que o poeta enxerga o mundo. Não o acompanha a frieza dos céticos, mas incorpora a essência das coisas. É um ser livre pelo modo de encarar a vida e ao mesmo tempo preso pela sintonia que o mantém em freqüência com tudo.

Sente a alma do que existe: quando alegre, torna-se alegria; quando triste, é a tristeza! Personifica-se ao sentimento mostrando desprendimento com o que considera trivial.

Como diria tio Ricardo, “o poeta, da mesma forma que pode chegar ao paraíso descrevendo uma simples flor, pode alcançar o purgatório relatando uma situação que para muitos seria indiferente”. Por sinal, tio, nunca vi descrição tão poética!

Assim sendo, continuo aqui,
Meio poeta; e talvez não.
Sem saber como mentir:
Tudo pra mim é ilusão!

Amizade

Da amizade que surgiu
E pela verdade pura,
Criaram-se amarguras.
Aguerrida; subsistiu!

Superando batalhas
Na peleja da vida,
Cicatrizou-se feridas,
Mesmo como navalhas.

E assim, sempre unidos,
Mostramos destemidos,
Uma força sem precedentes.

Prezando pela união:
Agindo como irmãos;
Caminhamos sorridentes!



Aos amigos que me acompanham durante a caminhada da vida, de forma inestimável.