A essência


Os movimentos comunitários representam a essência da boa democracia. Nele os anseios da população encontram representação mais direta e legítima; e a lógica que o define é simples - é a proximidade que torna o meio mais sincero, tal como o fogo passa mais calor ao objeto mais próximo.

De todo modo, me refiro ao movimento real, erigido verdadeiramente pela comunidade – sem manipulação de terceiros ou interesses escusos. São nessas agremiações que aposto para a consolidação de um novo momento político, onde se apontam as prioridades coletivas, para a melhora da realidade dos que precisam, de fato, da atenção privilegiada do poder público.

As prefeituras e as câmaras de vereadores deveriam ter mecanismos mais eficientes de canalizar e sintetizar essas vozes, que gritam abraçadas, em nome de um amanhã melhor. As redes sociais podem e devem ajudar, mas é preciso organizar mais essa interlocução, tornando-a mais transparente - além de ouvir a voz, é indispensável mostrar quem a emite.

Interessante observar que estes movimentos existem em bom número, mas poucos têm espaço nos noticiários, talvez porque a pauta que a maioria destes abrange sejam mais voltadas para projetos meramente políticos, em detrimento do que, essencialmente, representa e clama a sociedade.

É preciso ouvir e praticar o que os movimentos sociais de base esboçam, alçando-lhes a condição que merecem: verdadeiros detentores do poder, que emitem a direção do que deve ser priorizado. Sem falácia, sem superficialidade; na real; pela realidade.

Acredito que assim construiremos dias melhores. Vamos ampliar os debates, saindo dos muros das concepções pontuais e enxergando como um todo aquilo que deve ser para todos.