O grande projeto e o pequeno compromisso

Imagine Campina Grande rodeada por mananciais que formassem um grande cinturão de água ao redor da cidade. Pois é, o projeto existe e até começou a ser executado – minimamente, mas foi; trata-se do Multilagos, idealizado nos anos 90 pelo grande arquiteto e engenheiro Geraldino Duda, o mesmo que projetou o Teatro Municipal e a praça Clementino Procópio, dentre várias outras importantes obras para a Rainha da Borborema. Por que pouco ou quase ouvimos falar dessa brilhante iniciativa? 

Projeto Multilagos
O Multilagos seria composto por 15 açudes ao redor da cidade – o primeiro deles já existe, é o “Zé Rodrigues”, em Galante –, fortalecendo a nossa agricultura, trazendo maior segurança hídrica e promovendo um singular espaço para o fortalecimento do lazer e do turismo em Campina. É um projeto de encher os olhos e de dar água na boca!

Todavia, em que pese as três décadas de sua concepção, o mesmo permanece estagnado. Por sua dimensão e complexidade, os gestores que passaram pela cidade, e também pelo Estado, não mostraram entusiasmo pela sua execução. A obra, que tem a dimensão dos sonhos de Campina, não cabe em apenas uma gestão e isso acaba por “esfriar” o olhar político sobre ela. E a população paga um preço alto pela pequenez política...

Hoje, prestes a receber as águas do Rio São Francisco, a ansiedade pela qual passamos poderia ser bem menor; poderíamos ter mais tempo para esperar pela redentora obra da transposição e sermos poupados de tantos dias de racionamento, bastaria termos feito o dever de casa e realizado o Multilagos ou, ao menos, parte expressiva dele.

Também de dimensão colossal, temos o Complexo Aluízio Campos, que contempla o setor habitacional, industrial e logístico da cidade. A fase das moradias já está bem avançada e deve ser entregue dentro de um ano, mas as demais carecem de maior tempo para se consolidar e gerar os frutos que todos os filhos da Capital do Trabalho esperam dela. 

Projetos dessa envergadura são, quando executados, presentes que valorizam o passado e cuidam do futuro, não cabem em um só tempo. Que lembremos sempre à classe política: fiquem atentos, pois, quem deles cuidam, costuma receber destaque na eternidade, já que maior do que a obra em si é a grandeza de espírito de quem deixa a contribuição possível para o tempo que lhe é dado.

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