O atual clima de partidarismo nos debates nacionais é algo realmente impressionante, pessoas que nunca falavam sobre política passaram a opinar, dar sentenças nas mais diversas áreas e marcar posição nas redes sociais e nos espaços de convívio coletivo.
É interessante notar o grau de radicalização nesses “diálogos”, pois pouco resta de moderado. A pessoa logo é taxada de comunista, se defender um Estado mais presente na vida da população, ou é chamado de retrógrado, conservador e reacionário, se defender um Estado menos intervencionista.
É raro você encontrar alguém que consiga enxergar acertos e erros em ambas as posições. Estamos numa época do tudo ou nada. Surgiu do PT? É lixo! É do PSDB? Não presta! As ideias em si parecem ter pouco valor, o pessoal se posiciona mais segundo a origem.
Pintaram os projetos de verde e amarelo ou de vermelho, ignorando que existem boas ideias no arco-íris inteiro. O daltonismo político tem promovido uma geração intolerante e radical, onde a política muitas vezes se assemelha a torcida por um time de futebol. Não importa se o técnico é ruim, se a folha de pagamento tá atrasada, se gastam muito para ter pouco retorno ou não respeitam a torcida; defende-se um “escudo” e pronto. A política virou paixão nacional.
O grande problema dessa concepção é que, como acontece com quase toda paixão, muitas vezes só percebemos os erros cometidos com o passar do tempo, quando o sentimento esfria e já fica tarde para reparar os danos.